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sexta-feira, 7 de março de 2008

Clara e os bichinhos

De tanto ler Fábulas italianas do Ítalo Calvino, peguei a mania de brincar de contar histórias... essa aqui, em homenagem à Clarinha (que já leu, será que ela aceita presente de aniversário requentado?).

C'era una volta Chiara, uma menininha gentil que adorava desenhar. Um dia, ela andava por um jardinzinho e tropeçou em um caramujo. "Ai, ai", disse o caramujo. Chiara pediu mil desculpas ao caramujo e o levou para sua casa e cuidou dele. Todos os dias, ela chegava da escola e cantava para o caramujo:

Caramujo, caramelo
Se tu fosses de marmelo
Seria doce,
Não seria belo


O caramujo respondia


Chiara, minha fada,
Se tu fosses piccolina
Eu te alcançava
E te abraçava


Chiara crescia e o caramujo também, mas nunca alcançava mais que três centímetros. Um dia, Chiara chegou em sua casa e não encontrou mais seu amigo caramujo. Chiara chorou, chorou e decidiu partir em busca do seu queridinho. No caminho, encontrou uma joaninha, que lhe disse: "Sei onde ele está, mas, para ir lá, você não pode ter mais que dois centímetros". "Mas eu quero, quero muito vê-lo", disse a mocinha. "Então procure a fada das borboletas, e ela te dirá o que tens que fazer". E puf, a joaninha voou. Chiara sentou sobre uma pedra e chorou, chorou. Até que, sobre seu ombro, sentou-se uma borboleta azul. "Por que choras, Chiara?". Chiara contou toda sua história à borboleta, que já sabia de tudo, porque ela era a fada das borboletas e tudo via. A fadinha disse para ela não se preocupar. Era só ela chegar na porta do Minhoco que morava logo ali na beira do rio e cantar: "Minhoca, minhoca, me dá uma beijoca" que zupt!, ela ia encontrar o Caramujo.

Chiara fez o que a fada mandou, e, plum! Uma minhoca pulou do buraco e deu um beijinho em sua bochecha. Chiara pulou pra trás, com o susto e, de repente, ela não alcançou mais o chão. Ela tinha ficado pequenininha no pulo e caiu sobre a joaninha que passava por ali.
Elas voaram dias e noites e meses e anos sobre o mar, descansando, às vezes, de ilha em ilha. Até, que, um dia, alcançaram uma terra nova e longe, longe. A joaninha disse a Chiara que aguardasse no jardim que ela ia anunciar sua chegada. Chamaram pelo nome da Chiara e ela entrou por uma portinha e saiu do outro lado em uma porta enorme e toda em ouro e prata. E lá estava um jovenzinho muito elegante que correu para abraçá-la: "Chiara, minha querida, sou eu, seu caramujo. Na verdade, eu sou o rei dos bichinhos desse jardim e quero te agradecer por tudo o que fez por mim. Se quiser, pode ficar aqui e ser a minha esposa". Chiara mal pode conter-se de felicidade e logo toda sua família foi convidada para um grande banquete real. E todos foram felizes para sempre, até o dia em que Chiara se encheu do fato de que o Caramujo era um molengão que aceitava tudo o que os outros lhe mandavam fazer, e, com o dinheiro do divórcio, ela construiu um belíssimo castelo e acabou casando com um lindo Louva-deus que perdia há algum tempo a cabeça por ela.

Um comentário:

Clara Gomes disse...

palmas!!!
adoro essa história!
=D
obrigada!