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sábado, 21 de junho de 2008

odeon.br

o odeon (cinelândia/rj) faz sua semana de cineclubes. cachaça na quarta, glbt na sexta, e filminho francês com apresentação do monsieur bellucci amanhã.

a carreira deste último, pra quem não conhece, é extensa, aqui é conhecido pelo irreversível. também há programação do panorama francês de cinema em são paulo.
quando penso nele sempre me lembro de sua atuação em "la haine" (o ódio), que mostrava já em 1994 a guerrilha entre polícia e os jovens marginalizados nas periferias de paris. impossível não comparar com nosso cidade de deus. e, claro, sobre a absoluta falta de políticas socio-educacionais para periferia que é periferia em qualquer lugar.

não vou comentar sobre os filmes, crítica de cinema não é comigo. me diverti em alguns momentos e achei sacal algumas coisas. mas vão dizer que sou blasée.

o cachaça cinema clube era especial pornochanchada. como sempre, a galera do colégio se sente em casa nas cadeiras vermelhas, fuma tranqüila seu baseado e ri de cenas de sexo com a mesma inocência.

enquanto o cachaça cinema clube sessão pornochanchada estava em ritmo de fim de festa - dia de jogo do brasil, mês de decisões (a gente sabe como junho é), a sessão glbt de ontem parecia dias de maratona odeon movimentada. o cinema ficou repleto.

muitos menininhos e menininhas que já devem ter nascido saindo do armário. mas conflitos ainda existem, né, senão não haveria tanta novidade em filmes em que homens se beijam.

elas (dizem meus amigos gays se referindo aos homens da sala) também riem como a turma do colégio, as mesmas piadas. mas os filmes que falam deles ainda precisam de um reduto especial. mesmo se os filmes que falam deles não são só para eles. ou elas, como dizem meus amigos.

um dos filmes do cineclube de ontem, meu cão me ensina viver, mostra o dia a dia de um homem, seu cão, vivendo em um cubículo imundo. e os desejos do homem de abraçar seu amor no parque e o cachorro que morre isolado e o homem que se volta para o seu espelho. tudo sem diálogos, numa excessiva busca por simbologias.
esse filme me pareceu uma grande leitura psicanalítica da problemática gay. enfim, os homens só conseguem se amar qundo a lâmpada se apaga, tudo no escuro.

será que esse tipo de amor deve continuar invisível ou reservado a uma minoria, cerceada, fechada em si? acredito que esta seja a pergunta do filme.

e as minorias acabam se concentrando nestas casinhas de cachorro, a estes cubículos de espelhos. e cada um usa o espelho que lhe convém.

depois, pela lapa, víamos o melting pot da aparente ausência de preconceitos que ali habita. os alternativos, surdo-mudos, hip hop ou samba, o rock, o cabaret casanova, o asabranca, o arco-íris, o tá na rua e a sinuca. notávamos a etiqueta do odeon (para quem quisesse sair e voltar para a festa depois dos filmes) em alguns braços, marcando de verde fosforescente meninas e meninos que não estampavam a sua sexualidade no rosto. porém ali, saindo do odeon, entre a multidão da lapa, não tinham mais tanto medo de estigmas.

mas, em cada canto, meu amigo X e eu notávamos: olha ali! outra casinha de cachorro...

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