work in progress

Creative Commons License

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

derridianas







Naquele entre-lugar, em tomo de Derrida, falava-se.
Ele, em frente ao palco, deixava-se convencer de que citava-se outros, pois sabia-se morto desde que escrevera. "Eu perco minha assinatura no momento em que eu assino". A cada morte nossa, deixamos marcas no corpo do texto.






O leve roçar de ideias, pontas de dedos que esbarram em outra pele, o humainisme -humanidade de mãos que se dão, que deixam ir os anéis com esperança de que o calor do outro permaneça sobre a pele.






O perdão imerecido: Martin não dedica mais nada a Edmund - as mãos que não mais se tocam por estupidez.






Mas é possível amar sem espera? Mas em que línguas recito minha mesma dor? Doar-se na in-condição?
Conjugar o incondicional é margear o impossível.






"O que traumatiza, é mais o impossível que pode acontecer que o impossível que já veio"






No elevador, o vento de máquina despenteia os cabelos brancos do filósofo. O espelho olha e eles sorriem.


***
Escrito em 2004, durante a semana do Colóquio Pensar a Desconstrução, última apresentação do filósofo Jacques Derrida, que faleceria um mês depois. Na época, lia muito sobre ele e por acaso pegamos elevador juntos, me senti entrando no camarim de um rockstar. Durante o Colóquio e entrevistas, Derrida falou sobre a amizade e a dedicatória à Edmund Husserl apagada na segunda edição do Ser e o Tempo de Martin Heidegger, sobre os impossíveis, sobre a incondicionalidade, sobre a escrita, os indecidíveis.


Ainda acho que o Derrida, e seus cabelos brancos são bem rock'n roll. Fica aí minha homenagem a meu filósofo predileto, aos Indecidíveis e à semana do rock. 

***
Falando nisso, sempre é bom visitar o blog irmão (também usando uma palavra derridiana como nome) 
http://gramatologia.blogspot.com/ - Dica do amigo oulipiano Adilson.

Um comentário:

oócio (Adilson) disse...

Yeah! pra você e todos os rockers dessa terra, MC. Me lembrei dos modismos derrineanos em literatura, que Derrida sempre estranhou, no exemplo do autor de Uma Literatura nos Trópicos: ele inocenta Eça de Queiroz da acusação de plágio ao livro La Faute de L'Abbé Mouret de Émile Zolá, com O Crime do Padre Amaro, lidando com os pólos dicotômicos do pai do desconstrucionismo.
Continuas visitando o site Gramatologia? Massa.