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terça-feira, 24 de agosto de 2010

In girum imus nocte et consumimur igni & Crítica da separação de Guy Debord.

Saiu hoje uma resenha minha no JB. Cortaram muita coisa e, na edição online, meu nome nem aparece. Bem, segue aqui embaixo o meu texto completo, sem cortes...


O pequeno livro, de capa dura, cuidadosamente vermelha, abriga o texto potente de dois dos filmes revolucionários de Guy Debord, In girum imus nocte et consumimur igni & Crítica da separação. Traduzidos pela primeira vez no Brasil, o texto forte de Debord é acompanhado de notas do próprio autor, assim como as do pesquisador e tradutor americano de Debord, Ken Knabb, que mantém site devidamente referenciado sobre a obra do francês (além de textos e quadrinhos sobre a Internacional Situacionista, a qual teve Guy Debord como um de seus fundadores).

In girum imus nocte é um meta-filme – ou anti-filme, como descreve Debord – que trata o cinema e a televisão como principais componentes da sociedade do espetáculo definida e criticada por Debord em seu célebre livro. O palíndromo do título, uma advinha medieval, poderia ser traduzido por algo como “Giramos pela noite / e fomos consumidos pelo fogo”. A resposta para a advinha seria “mariposas” e Debord as associa a essa sociedade que se deixa devorar pelas luzes da ribalta. O presente livro, em edição bilíngue, apresenta a narrativa/roteiro completa do livro, com referências para as imagens exibidas no filme.

Debord não busca apresentar um roteiro fácil muito menos esboçar uma teoria. “... não é dito nada além de verdades sobre imagens que são, todas, insignificantes e falsas. Filme que despreza esta poeira de imagens que o compõe”. Não haveria muito menos, ali, uma teoria da revolução: “as teorias servem apenas para morrer na guerra do tempo”.

Mais que teorizar sobre essas próprias imagens e o tempo que compõem seus filmes, Debord apresenta referências sobre seu próprio percurso de vida, retoma referências de suas obras passadas e fala da Paris de antes; aborda suas próprias pretensões. Produzido mais de dez anos após sua Sociedade do Espetáculo e ainda dezessete anos após Crítica da separação, que também compõe esse livro, In Girum imus nocte (1978) oferece um balanço do próprio autor sobre seu trabalho.

É, no entanto um texto bem duro contra os críticos e contra toda essa sociedade-mariposa de então. “O juízo jamais virá”, ele sentenciava. Morto em 1994, Debord teve talvez a chance de fugir do auge de nossa era pós-fotográfica, dos espetáculos automaticamente disponibilizados para milhões de usuários das redes, viciados em imagens. Por outro lado, os “outros meios” para se fazer a luta, pelo qual ele clama ao final de sua Crítica da separação talvez já tenham chegado. Novos problemas já se colocam, também. “Acostuma-se, é o que parece”.

Os filmes são igualmente pesados. Apesar de usar as imagens para criticá-las, o trabalho final de Debord compõe um rico acervo do imaginário cinematográfico e televisivo da França das décadas de 1960 a 1980.

A editora Oficina Raquel e sua coleção Alfa

O livro faz parte e inaugura a coleção Alfa da editora de livros artesanais Oficina Raquel. Como eles mesmos descrevem, é uma coleção “dedicada a textos políticos de teoria anarquista. Todos os volumes desta coleção estarão imediatamente disponíveis na forma de e-book”, tratando-se de uma série de publicações, mesmo não sendo todos eles anarquistas, serão sempre livros de autores que apresentem “resistência à autoridade ilegítima e à hierarquia, o ódio à tecnocracia, às estruturas de controle, à exploração econômica e, finalmente, o compromisso inescapável, irredutível e tirânico com a utopia, aqui e agora”. O próprio formato do livrinho de 100 páginas e a ideologia da editora são marcados por essa resistência à indústria da cultura. O livro foi totalmente traduzido e fabricado pelo pesquisador, poeta e editor Ricardo Pinto de Souza, que há quatro anos produz livros nesse formato que valoriza a própria arte de fazer livros.

No prefácio, Souza diz “algumas palavras de conforto” para o leitor não iniciado em Debord: “a maneira de Debord cumprir sua missão política foi através de seu papel de criador, seja de filmes, seja de textos”. O filme de Debord, assim como a produção do presente livro-roteiros, age da mesma forma, cumprindo o papel de desvendar essa obra sem

O livro-objeto está sendo vendido a trinta reais e pode ser adquirido pelo site da editora WWW.oficinaraquel.com.




R$ 30,00
coleção alfa
Formato 21,0 x 14,5  100 páginas, capa dura.

E os filmes, para quem quiser assisti-los:


5 comentários:

oócio disse...

Que coisa mais "potencial", Maria Clara! Fiquei curioso.
E parabéns pela publicação da resenha.

Alisson da Hora disse...

O que diria Debord da nossa situação atual? Ele é tremendamente mais lúcido do que o McLuhan e certamente jogaria muito ácido por aí...

Parabéns pela resenha!

Anônimo disse...

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Anônimo disse...

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