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terça-feira, 17 de julho de 2007

Dez horas

O trilho corta a cidade

Segue-o o raro verde

Fragmentos de infâncias

E da gente de olhos de grafite

E de barro.

Há luz apenas onde há pão

ou cachaça

De resto, luzamarela do alto

Ruídos de sonhos e de voltas

E o nunca-dormir de farmácias e bancos.

Dez horas

e os garotos que ainda olham

As meninas que esperam

Dez horas e corto a cidade

Sem vontade

Dez horas e o azul-néon do morro

Emoldura o céu e o sino e o azulejo

Velai por nós, São Gonçalo.

Tu, que não sois santo

Santificai nosso abandono

Olhai por nós,

Nessa rua-de-passagem

Nessa terra-estrangeira

Um comentário:

Anônimo disse...

Poesias lindas, embora more longe está perto - relação cidade- mãe/cidade-filha. E como São Gonçalo marca!.. de passagem só os passageiros que por nós trafegam.
Ivan Lins disse que aqui é celeiro de músicos; O IRA disse que aqui começou o Hi-Fi; alguém disse que aqui é o berço do underground brasileiro. Seu Jorge acha longe pra namorar.
São Gonçalo sempre fica. Incomoda e impregna.