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quarta-feira, 22 de outubro de 2008

o humor e os desenhos

quando vi a propaganda do 1º FESTIVAL INTERNACIONAL DE HUMOR, não li as maiúsculas. corri os olhos para A exposição reúne cerca de 500 obras. Entre os autores estão Luís Fernando Veríssimo, Angeli e Laerte.

não li, mas também não escreveram que precisava de convite para a abertura; foi isso o que eu disse para a moça na porta e era bem verdade, vou até printesquear essa página para provar, se me pedirem. e a moça deixou a gente entrar para ver a exposição, mas disse que a gente não podia participar da cerimônia; mas ninguém lá dentro mandou a gente sair da sala da cerimônia quando a gente entrou.

antes da cerimônia, a festa: a sala repleta de angelis, laertes e lfvs pelas paredes (sim, obras de autores na mesma metonímia-plural de machados, picassos e monets), sem contar os premiados do festival. algumas ilustrações eram belas mesmo se incompreensíveis para um olhar estrangeiro: claro, principalmente aquelas narrando fatos do lá fora.

como me interesso pelos nós entre imagens e textos - principalmente aqueles que se enlaçam nas histórias em quadrinhos -, não pude deixar de pensar no quanto daquele humor depende de seus laços com a história, o con-texto. não que isso faça dessas obras menos obras: demonstra como essa arte é composta de seu tempo.

ao começar a cerimônia, percebi que eu ainda não tinha compreendido o que se passava. era festival do humor, sua estúpida. bem, eu não consigo entender o sucesso de programas de humor de sábado à noite na tv aberta, então não consegui fazer coro nas risadas da platéia (não conhecia nem sei como se chamam os apresentadores da festa, mas eu não vivo nesse mundo).

dvd não entende south park. mc ainda não entendi benini. o humour inglês e o esprit francês nos unem. mas nem sempre.

o festival, repito, era de humor. mas não sabia que laerte, angeli e lfv eram humoristas.
foi engraçado ver laerte dizendo a uma repórter não saber responder o que o faz rir (além dessa pergunta) ou respondendo a outras perguntas sobre no que ele pensa ao desenhar. "eu não sei mais o que faço".

o que eu via pelas paredes não era apenas humor.
não sei se chamaria isso de engraçado:
é poético. sorrio como ao ler um poema de manoel de barros. há quem gargalhe. talvez.

FCLopes, vencedor da categoria ilustração, foi o primeiro a falar sem rir no palco. agradeceu, justamente, a abertura do festival para a ilustração. conversando com ele no coquetel (para o qual ninguém impediu a gente de entrar, também - mas a gente via a moça da porta e brincava de estátua), ele repetiu para a gente a importância desse espaço para quem desenha. para mim, o espaço estava repleto de excelentes desenhistas/quadrinistas. o humor, tão relativo, poderia muito bem passar para o segundo plano.

ri um tanto constrangida - não entendia muito bem as gargalhadas dos outros - dos enganos na distribuição de prêmios. trocaram os troféus, deu tudo errado: os ganhadores voltaram ao palco para devolver os presentes. os apresentadores e organizadores não conseguiam ler os nomes nos troféus o pequeno jornaleiro. a gente foi ver de perto um troféu. a gente não conseguiu ler, e a gente nem tem problema de vista.

é, ainda falta espaço para os ilustradores. os grandes se fazem ver pelos seus traços (a gente até reconhece de longe laertes, lfvs, angelis). que os ascendentes sejam reconhecidos, pelo menos, pelos nomes.


ps:

pouca gente aplaudiu quando laerte subiu no palco e recitou um versinho ao acaso (trechos que estavam pelo cenário atrás dele, ainda não achei daonde). são catarses diferentes que se operam. eu, mas eu sou fã, achei genial. ele cria quadrinhos anti-quadrinhos e encena ali os seus discursos-anti-discursos. a gente pediu autógrafo na agenda, pro dia do aniversário. a gente ganhou desenho (mc não ganhou, mas ficou mais rosa que Y, o dono da agenda. mc e Y quase deram um beijo na boca do laerte). de princípio, a gente achou monótona a ausência de sapatos rosas nos pés do nosso quadrinista preferido (ele estava assim, quando a gente o viu pela primeira vez ao vivo). mas, quando a gente ia embora, as meias de bolinhas saltaram aos nossos olhos e não nos decepcionaram. gênio é gênio.

2 comentários:

Clara Gomes disse...

puxa, que puxa!
enquanto vocês estavam lá, eu, que não pude nem ver a exposição, parei no bar com um monte de quadrinistas 'anti-cerimônia'... sem celular. queria muito ter te encontrado, até falei com davide e ele falou q vc ia encontrar com Yuri... hahahah, que desencontro!

Thera Fajyn disse...

Eu até pensei nessa coisa de que eles não disseram nada que era só para a imprensa, mas não tive cara, peito ou corpo para bater o pé e tentar entrar... Saí de lá pensando em pelo menos tomar um chop por alí mas aí eu lembrei que não bebo... :P