paratodos, 4

o menino mais alto pegou o cartão do franzino e rodou a roleta. o franzino sentou no banco atrás do motorista. se debruçava para acompanhar a conversa do chauffeur com os outros motoristas e com o cobrador. o motorista olhou zangado pro garoto, mandou passar na roleta. "não tenho cartão". "então, rapaz, qual vai ser? vamos parar ali na delegacia pra resolver?". o garoto continuou sentado, mordendo seu cordão com algum santo. plácido. o motorista continuava reclamando e falando com o cobrador, olhava pelo retrovisor ou torcia o corpo para trás, nos sinais vermelhos. o menino mordia o cordão e olhava a paisagem. levantou-se quando era seu ponto, puxou o sinal calmamente, preparando-se para sair. o motorista ainda segurou a mão do menino quando este descia, dizendo, "você não vai descer não..." para depois dizer: "vai lá, garoto, te cuida". o menino correu a rua com os amigos que desciam pela outra porta. e o chauffeur, rindo, se gabava do susto que dera no garoto. ninguém quis dizer para ele que ele tinha perdido a briga.