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segunda-feira, 25 de maio de 2009

Estética e Ideologia: uma leitura dos códigos visuais da juventude de direita (3)

A Direita
Na edição brasileira de Direita e Esquerda, de Norberto Bobbio, lê-se essas perguntas: “Direita e Esquerda, ainda existem? E se existem ainda, e estão em campo, como se pode dizer que perderam completamente o significado? E se ainda têm significado, qual é ele?”. O problema de conceituação dessa díade ideológica é postulada por Bobbio ao longo de seu livro, apresentando as diferentes atribuições aos termos desde o seu surgimento. O problema de identificar esses grupos politicamente, como Bobbio e vários outros autores comentam (vide a introdução ao Dicionário crítico do pensamento de direita), acentua-se cada vez mais nos nossos tempos em que alguns acreditam ainda em morte dessas ideologias. A banalização destas, sob a aparência de uma falsa homogeneização dos grupos sob o signo das globalizações, soma-se às dificuldades em distinguí-los e vários estudiosos se propõem novas definições para a velha dicotomia “direita” e “esquerda”. Segundo René Remond, essas posições vêm se alternando com o tempo, pois “a diferença se redefine a cada momento político em que o conflito e o seu objeto dizem onde se localiza a direita e onde se localiza a esquerda” (apud Dicionário crítico do pensamento de direita, p. 12). Bobbio, no entanto, afirma a existência de uma certa essência de cada posição, sendo a esquerda identificada muito mais com o ideal de igualdade e a direita com o de liberdade absoluta, que a isentaria até de “qualquer responsabilidade social”.
Este autor lista em seu livro as várias formas de direitas que, entre si, teriam em comum a defesa da tradição e da ordem social (conservadorismo, tradicionalismo, fascismo, radicalismo de direita), enquanto a esquerda (com várias divisões também) defenderia a emancipação. Bobbio cita o estudioso Dino Confrancesco que afirma ser de direita“aquele que se preocupa, acima de tudo, em salvaguardar a tradição; o homem de esquerda, ao contrário, é aquele que pretende, acima de qualquer coisa, libertar seus semelhantes das cadeias a eles impostas pelos privilégios de raça, casta, classe etc.”1. Bobbio continua essa afirmação dizendo que “‘Tradição’ e ‘emancipação’ podem ser ainda interpretadas como metas últimas ou fundamentais, e, como tais, irrenunciáveis, tanto de uma parte quanto de outra: metas que podem ser alcançadas com meios diversos segundo as épocas e as situações”. (BOBBIO, p. 97)
A busca ou a manutenção das tradições (ou até mesmo a invenção destas) relaciona-se diretamente com a busca de harmonia social. A própria tradição é necessária para a criação de uma legitimação da autoridade e das hierarquias sociais.

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