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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Rio, 25 de novembro de 2010


Proudhon dizia que em cada átomo há uma anarquia. A gente é que nem perceberia o quanto nossas moléculas se mexem. Não reparamos que a Terra está sobre um eixo torto e juramos que as coisas devem ser retas. A gente acha que as coisas devem ser feitas como foi estabelecido, sem se perguntar quem estabeleceu. 

***

Pai e mãe assaltados na porta de casa. Tudo bem, eles passam bem. Não é a matéria que fez falta, mas o "medo do impossível que ainda não veio".


Carros e relógios são incríveis máquinas de fazer medo, tudo parte desse esquema lindo que é a nossa sociedade de controle.


O medo do que está por vir bateu lá na casa dos meus pais, e é claro que me preocupo agora com eles, com a minha vó que já estava dormindo e nem soube ainda da história. 
Acho que já comentei que, antes de eu sair de lá, a gente não carregava chave de casa.


Mais do que choramingar, vale mais a pena racionalizar isso, pra entender como esse assalto faz parte de toda essa cadeia de crimes que vêm atingindo o Rio. Havia lido hoje cedo essa síntese do Vladimir Palmeira, o rapaz da passeata dos 100mil, no Vi o Mundo).


Tudo faz parte, tudo está conectado. E essa bola de neve que vem sugando a gente aí não é coisa nova...

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Cachaça Cinema Clube de ontem apresentou uma sessão política. O primeiro e o último curtas, principalmente, narravam bem o que ocorre com o nosso tempo.

O último era a cobertura da posse de Sarney, em 1966, filmada por Glauber Rocha, a convite do eleito. O discurso do oligarca-mor brasileiro era acompanhado pelas imagens da miséria maranhense. Um intelectual chegava ao poder e, ora, o que mudou?
O primeiro, o vídeo Proibido parar, registrado na "mesma" Carioca em que o Conselheiro Aires/Machado de Assis esperava assistir uma revolução


Revoluções a germinar, não é o que está acontecendo agora. É sempre com sangue que se faz mundo novo, mas não é isso que se faz agora, não é isso que devemos pedir agora - e espero que não precisemos pedir sangue de ninguém. É preciso entender os terrorismos - físicos e midiáticos - pelos quais passamos. Violência gera violência, e se séculos de descaso com uma maioria sem voz gerou isso, é distribuindo dignidade que as coisas se ajustarão. 

2 comentários:

YURI disse...

muito bonito, baixinha (com um pouco de ironia, só pra relaxar. concordo com vários pontos. outros não entendo.)

MC disse...

explico:


o "germinar" é uma referência ao Germinal, de Zola, que cito ali, é só clicar no link. Ali se esperava que a revolução estava por vir e explodiria, com a insatisfação do povo. Tudo a ver com o texto de Machado, que espera o mesmo. A cada revolta, crise, a gente acredita que algo vai vir, vai mudar. Mas não...