quarta-feira, 8 de agosto de 2012
paisagens
Levei essa imagem para discutir futuro em uma das minhas turmas de francês. O aluno geólogo se empolgou com a cena de um de seus filmes favoritos. E a gente se pegou observando o cruzamento de tempos na imagem, tão cheia de futuros quanto passados e o neon dos anos 1980, ali, então, presente. Conversamos disso de tempos, do que o Milton Santos falava lá em sua Metamorfoses.
E o geólogo confirmou que, sim, a paisagem é um mesmo um acúmulo de tempos. Geologicamente, pode-se observar muito bem. Lá, em cada rocha, o tempo está exposto em linhas, em cores diferentes. E a cidade também, esse compósito de décadas e séculos. E, ora, apesar de termos muita pretensão, a vida humana é insignificante frente às atividades vulcânicas.
Sem entrar na conversa de desenvolvimentistas vs. preservacionistas, localmente, há muito o que se fazer para que tais paisagens não sufoquem seus próprios criadores. Mas dá um alívio tipo pós Melancholia do Lars Von Trier conhecer nossa própria insignificância. Nosso tempo acumulado é tão mínimo frente às atividades vulcânicas...
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2 comentários:
Isso do acúmulo de tempos me lembra aquelas charges e desenhos animados dos anos 70 que usavam e abusavam das camadas geológicas quando queriam mostrar a passagem do tempo: na superfície os personagens com suas televisões e carros, na primeira camada subterrânea um rádio dos anos 50, na segunda um gramofone, e assim ia indo, armaduras medievais, lanças primitivas, esqueletos de dinossauro.
A vida em si é algo insignificante perto do tempo geológico. Alguns dizem até que a vida não existe, ou, bem formulada, a vida só existe em função do tempo e da experiência combinada com o tempo, mas, fora esse detalhe, a vida não existe para o Universo. Muito intrigante esse post da questão geológica. Achei que você desenvolveria mais ele. Achei curto. Achei que você tinha muito mais a falar. Pelo próprio texto se nota isso.
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