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quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Revanchismo cultural

Até que não demorou muito pra que o assunto voltasse à moda. Agora, questiona-se se quadrinhos - ou revistas - é cultura.
Dimenstein
teve pressa demais em reclamar gasto supostamente inútil com a etiqueta de cultura. Atropelou as mídias de informação, os quadrinhos e a própria cultura. Não vou aqui me estender sobre a noção de cultura, peço aos amiguinhos que leiam as primeiras páginas da Dialética da colonização, do Alfredo Bosi. Aliás, essa ideia de hierarquia cultural é coisa de quem ainda tem complexo de colonizado. E de quem acredita numa missão civilizatória da cultura oficial.
Como educadora, entendo que a valorização da leitura passa pela valorização do que é palpável por aquele que lê. Dessa forma, não se obriga ninguém a gostar de ler, o importante é valorizar que se leia, seja o que quer que seja lido.
Afinal, se o rapazinho consegue, finalmente, comprar sua Playboy da Fernanda Young, vai acabar descobrindo que é muito melhor ler o que rodeia a pelada - incluindo aí os quadrinhos.
Esse mimimi sobre o que é ou não cultura envolve uma ideia nostálgica da cultura burguesa dos 900, que, meu caro, não volta mais. Precisamos, sim, valorizar nossas referências, mas temos um problema crônico de analfabetismo funcional. Pedagogicamente falando, a leitura de informação é um caminho para o incentivo à leitura, sim.
Outra leitura necessária: Paulo Freire. Não é à toa que ele é mundialmente reconhecido. Freire partiu justamente da noção de cultura X natureza para educar. É preciso entender o que faz sentido para o educando, e assim aproximá-lo do objeto de ensino.
Dimenstein denota um desconhecimento de pedagogia, da cultura, do ato de leitura (post antigo sobre leitura aqui, sobre semiologia ali).

Sobre quadrinhos, publico agora um texto apresentado ano passado, mas talvez importante para quem estuda quadrinhos ou arte em geral.

Um comentário:

Alisson da Hora disse...

Também tive um professor que desqualificava os quadrinhos... apesar de ser fruto do mass-media, não é nenhum fim do mundo afirmar que um Art Spielgman, Alan Moore, Neil Gaiman tenham dado ares literários às HQ's. Só um pensamento estreito e tradicionalista não enxerga isso. Como também não enxergam a função pedagógica de tal gênero (deveras, eu comecei a ler por meio da Turma da Mônica!) e os "baluartes" da cultura de plantão se arvoram como detentores da verdade e ficam pontificando sobre o que é cultural ou não. Puro elitismo.